Browser aberto coloca Google como primeiro rival de verdade para Microsoft no setor de navegadores. Relembre a 'briga' no setor.
A primeira guerra não foi devidamente emocionante: de um lado, a gigante do setor arrastou a startup inovadora e pioneira e sedimentou sua atual posição.
Na segunda, o fantasma da startup derrotada ressurge apoiada pela comunidade e, em um ritmo devagar, toma quase um quinto da participação do dominador.
Após o vazamento de uma revista em quadrinhos explicativa nesta segunda-feira (01/09), o Google foi forçado a adiantar o anúncio do Chrome, navegador de código aberto produzido totalmente dentro do buscador.
O anúncio do Google dá início à terceira guerra dos navegadores após duas "disputas" onde a Microsoft levou vantagem com sobras frente a competidores que não tinham nem a receita nem a infra-estrutura da gigante de software responsável pelo sistema Windows e pelo pacote Office.
A primeira esteve mais para surra que para guerra. Após o Netscape se sobressair pelas funções e começar a dominar o mercado de navegadores no início da década de 90, a Mirosoft apelou para sua grande adoção entre os sistemas operacionais para ganhar participação.
Até 1997, era o Netscape Navigator, da empresa homônima, o líder do setor. Com o lançamento do Internet Explorer 4.0, que aliava funções inovadoras para a época, como páginas dinâmicas, com grande campanha de marketing acompanhada da integração ao Windows, o IE começou a corroer a liderança do setor.
Em 1999, o Internet Explorer assumiu a ponta do setor, de onde não saiu até hoje. Enfraquecido pela concorrência com a Microsoft, muito mais poderosa financeiramente mesmo depois do sucesso do seu IPO, a Netscape foi vendida para a America Online em 1998.
Meses antes de se tornar uma divisão da AOL, a Netscape fez algo que alimentaria sua tentativa de revanche anos depois - o código do navegador foi aberto e divulgado sob uma licença GNU, na semente que ajudaria a fomentar a Mozilla.
Renascida das cinzas
Sete anos após perder a liderança para a Microsoft, o Netscape teve sua segunda chance contra o Internet Explorer com o lançamento da segunda versão do Firefox, navegador de código aberto baseado no pioneiro do setor, coincidindo com a oficialização do Internet Explorer 7.
A falta de competidores no setor fez com que a Microsoft demorasse seis anos entre o lançamento da sexta e da sétima versão, o que deu espaço para que a então Fundação Mozilla reformulasse o código do Netscape e acrescentasse funções ainda não popularizadas entre software de navegação.
Apoiada por sua comunidade, responsável por processos que vão do desenvolvimento de ferramentas à divulgação informal com adesivos e anúncios de jornal, a Mozilla forçou a Microsoft a se movimentar novamente
A mistura entre ferramentas novamente inovadoras, como a "barra sensacional", a recuperação de abas ou a integração de buscas à interface do programa, fez com que o Firefox atingisse quase 20% do setor de navegador, segundo a NetApplications, fatia majoritariamente roubada do Internet Explorer.
Antes do anúncio do Google, o setor se encaminhava para mais um capítulo da segunda guerra, deflagrada em outubro de 2006.
Após o lançamento com bastante visibilidade do Firefox 3, com direito a recorde no Guinness World of Records, a Microsoft dava uma prévia do que seria o Internet Explorer 8 em sua segunda versão beta.
Com a oficialização do Chrome, a Microsoft ganha, pela primeira vez, um rival do seu tamanho que pode ameaçar sua dominação no mercado de navegadores.
Publicado em: 02/09/2008
Google: aplicações online do Chrome são recado direto à Microsoft
São Paulo – Com transformação de serviços online em aplicativos offline, Chrome leva rivalidade entre Google e Microsoft para o desktop do seu PC.
Não se engane pelo discurso dos benefícios da competitividade promulgado tanto por Google como por Microsoft: o lançamento do browser Google Chrome, oficializado nesta terça-feira (02/09), vai além de ser apenas mais uma opção para quem navega online.
Ainda que se foque em funções interessantes, como o gerenciamento individual de abas, o modo totalmente protegido ou o novo engine de JavaScript V8, a atração de verdade do Chrome permite que os usuários transformem serviços online em aplicativos para desktop.
A aposta do Google em serviços online que concorrem com a Microsoft - notoriamente o Google Docs contra o pacote corporativo Office - ganha sua última peça com o lançamento do Chrome graças ao sistema offline.
Explica-se: se antes o Gears permitia que apenas serviços selecionados (como Google Reader e Remember the Milk) pudessem ser acessados sem internet por outros navegadores, o Google agora prepara um canal em que todos os serviços online podem ser levados ao desktop.
A primeira conseqüência disto é preparar todos os serviços que o Google oferece apenas pela internet atualmente para os desktops - clique duas vezes sobre o ícone do Gmail e veja seus e-mails ou escolha o ícone do Reader e leia seus feeds.
Entre usuários móveis que nem sempre têm acesso à internet, a ferramenta do Chrome torna o editor de texto ou de planilhas do Google Docs um concorrente à altura do Word ou do Excel, encartados pela Microsoft no pacote Office. Até hoje, este suporte era feito por aplicativos isolados, como o Fluid para Mac.
A transição segue os mesmos preceitos do Google Gears, não à toa integrado no Chrome - o aplicativo aceita novos dados ou edições em um banco de dados local que será sincronizado com o serviço online assim que o sinal para internet voltar.
O Chrome faz a ponte entre o desktop do usuário e seus serviços online, estratégia que, caso o Chrome tenha sucesso e ganhe participação do Internet Explorer ou do Firefox no setor, poderá levar ainda mais usuários para os produtos do buscador.
"Quem controla o browser fica em uma posição muito vantajosa para controlar outros tipos de aplicativos", resume Marcelo Coutinho, diretor-executivo do IBOPE Inteligência e colunista do IDG Now!, que define a novidade do Google como "nada mais natural".
"Se olharmos as movimentações (de mercado ao redor) de padrões, são estes os players que tentam se posicionar em algo estratégico frente a toda cadeia. A Microsoft apostou que (o fator-chave) seria o browser. Ele é importante, mas o buscador é mais ou tão importante que o browser".
A relação entre o buscador e a Mozilla, responsável pelo Firefox, de quem o Google afirmou ter usado componentes no desenvolvimento do Chrome, é paradoxal com o anúncio do navegador.
Ainda que esteja por trás de um rival, o Google é o principal financiador da Mozilla, graças a acordo para que o Firefox use a busca do Google como padrão - ironicamente, a parceria foi estendida por mais três anos dias antes da oficialização do Chrome.
Coutinho explica: "o Google está se aproximando de uma escala e um tamanho que podem ser questionados em (questões) antitruste. Por isto, interessa ter um terceiro player no mercado - o Google pode alegar que o setor tem diversos concorrentes".
Seguindo a estratégia, o Google gastaria hoje para não tomar as multas milionárias e as restrições de varejo que a Microsoft tomou, principalmente nos últimos anos, com destaque especial para a União Européia.
Por enquanto, tanto Microsoft e Google mantêm o discurso conciliador. A infra-estrutura necessária para que o Google saia do seu ambiente natural, a internet, e comece a se arriscar onde sua principal rival construiu seu império está pronta.
Fonte: Guilherme Felitti, Editor-assistente do IDG Now!
Data: 03/09/2008
Sete razões para amar e sete para se preocupar com o Google Chrome
O primeiro beta do browser aberto Google Chrome foi lançado na terça-feira (02/09) ara usuários do Windows Vista e XP, mas haverá em breve versões para Mac e Linux.
É claro que há razões que justifiquem a empolgação com o navegador do Google - mas também algumas questões que podem preocupar os usuários.
Abaixo, listamos sete razões para você entender porque o browser Google Chrome é legal e outros sete motivos para você poder até mesmo odiar a novidade do gigante de buscas.
- 7 Razões para gostar do Google Chrome
1. O browser não travará
Talvez o melhor desenho da arquitetura de multiprocessamento. Isto, como a casca de uma noz, elimina a necessidade de fechar o navegador quando um site ou aplicativo online trava.
Cada aba, com o Google Chrome, é independente de qualquer outra aberta pelo usuário. Esta medida também oferece uma camada adicional de segurança, já que isola cada site e aplicativo em um ambiente limitado.
2. É muito rápido
O programa, em si, abre em poucos segundos após o usuário clicar em seu ícone de inicialização.
E mais uma vez, graças à arquitetura de multiprocessamento, um site lento não irá prejudicar o resto da navegação. Com plug-ins, é o mesmo. Se um site possui um anúncio em Java que demora para carregar, o Chrome o isola para o resto da página não ser afetada.
3. Você mal o percebe
O design do Chrome faz com que o browser mal pareça um software, já que grande parte do espaço na tela dedica-se ao site que você está visitando. Não há botões ou logos ocupando a área.
Os designers do navegador do Google afirmaram que a idéia era as pessoas esquecerem que estavam usando um navegador - objetivo que ficou bem perto de ser atingido.
4. A busca é mais simples
Um dos recursos do Google Chrome é o Omnibox, uma barra integrada no topo do navegador, na qual o usuário pode digitar uma URL ou um termo de busca - ou ambos - e o Chrome levará o usuário ao lugar certo sem mais perguntas.
O Omnibox aprende o que você gosta, também - e vai além da função autocompletar. Vamos supor que você gostaria de usar a função de busca do IDG Now!, por exemplo. Uma vez que você visitou o site, o Chrome lembrará que ele possui sua própria caixa de busca e dará a opção de usá-la diretamente do Omnibox. A função ainda automatiza buscas por palavras-chave.
5. Mais controle sobre as abas
O Chrome dá mais poder à idéia do uso de abas. Você pode pegá-la, por exemplo, e arrastá-la para sua própria janela individual. Ou você pode arrastar e combinar uma aba com janelas pré-existentes.
Também é possível configurar as abas sem a necessidade - exigida por outros browsers - de instalar add-nos.
6. Abre novas portas em sua página inicial
O Google Chrome tem, por padrão, uma página inicial dinâmica. Conforme o uso do navegador, o programa lembra os sites que você visitou com mais frequencia.
As nove páginas mais visitadas aparecem em miniaturas na página inicial, além de mostrar os mecanismos de busca e favoritos mais acessados.
É possível, contudo, se livrar deste recurso e incluir sua página inicial favorita, como em browsers tradicionais.
7. Navegação com privacidade
Assim como o recente beta do Internet Explorer, o Google Chrome oferece navegação privativa - com o recurso batizado de Incognito. É possível abrir um tipo específico de janela e descansar tranquilamente, sabendo que nada que for feito ali será salvo em um computador.
Diferente da ferramenta do IE8, contudo, a janela do Chrome é isolada do resto da navegação, assim é possível navegar com privacidade em uma janela, ao lado de janelas parecidas - e cada uma terá operações independentes.
- 7 Questões preocupantes no Chrome
1. É apenas o primeiro beta
Este é o primeiro lançamento de testes do Google Chrome, então sim, aparecerão problemas nos próximos meses. É como você colocar em risco sua vida online nas mãos de um produto cuja eficiência ainda não foi provada.
A visita a certos sites já causou erros - como o acesso ao logmein.com, por exemplo, que gerou a mensagem “Este aplicativo falhou porque o arquivo xpcom.dll não foi encontrado.” Você quer lidar com esta incerteza diariamente?
2. Você não terá add-ons
Os add-ons são uma sensação para os fãs do Firefox, e nenhum deles, por enquanto, é oferecido pelo Google Chrome. O Google pretende criar uma API para estas extensões, mas por enquanto só o que lhe resta é esperar - e navegar sem os seus add-ons queridos.
3. Não é possível sincronizar
Uma das grandes vantagens do Firefox é sincronizar vários computadores usando a opção Weave, da Mozilla. Esta combinação permite que os usuários tornem os browsers de seu laptop, PC de casa e do trabalho idênticos e, uma vez que você se acostumou a este nível de sincronia, é difícil abrir mão. E o Google Chrome ainda não possui o recurso.
4. Saudade dos padrões
As funções são menos padronizadas neste novo navegador baseado no sistema open source Webkit, que também alimenta o browser Safari, da Apple.
Quando você compara as páginas no Chrome com as do Firefox ou Internet Explorer, nota uma diferença na formatação de textos. E já que a maioria dos sites dá prioridade ao código do líder de mercado, você poderá se decepcionar.
5. Mais munição para anunciantes online
Diante de toda a movimentação sobre as práticas de privacidade do Google e quanto de seus dados são compartilhados com anunciantes online, imagine o potencial de coleta de informações com o uso do browser da empresa. Agora, o Google pode ter controle total sobre sua experiência de navegação do momento em que você abre o Chrome ao momento de fechá-lo. De certa forma, você está convidando a DoubleClick para ficar a seu lado quando você navega.
6. A barra de ‘dropdown’ foi eliminada
A idéia de uma barra que apresenta opções de url enquanto o usuário digita um endereço no browser foi eliminada pelo Chrome. Para compensar, o browser oferece funções "inteligentes" em sua Omnibox, mas se o internauta quiser ver as URLs que digitou recentemente com um clique, não contará com a barra de dropdown.
7. Você perde um pouco de seu histórico
As funções de 'Histórico' do Chrome são menos versáteis do que as oferecidas no Firefox. O Chrome conta apenas como uma tela simples mostrando seu histórico diário de navegação. A possibilidade de selecionar informações por datas, sites ou endereços mais visitados parece ter sido subestimada pelos criadores do browser.
Então aí está o bom, o mau e o incerto sobre a primeira investida do Google no campo dos browsers.
Você mudará de browser?
Data: 03/09/2008
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